A criptorquidia, distopia testicular ou, simplesmente, “testículo não-descido” representa a alteração gênito-urinária mais comum em crianças. A dificuldade na identificação visual ou tátil do testículo na bolsa escrotal do bebê, pelos pais ou pelo pediatra, já é suficiente para levantar a suspeita de criptorquidia.
Pacientes com demora no tratamento desta condição têm risco aumentado de hipotrofia ou atrofia testicular (diminuição do tamanho do testículo). A longo prazo, existem problemas relacionados a fertilidade e tumores de testículo. Testículos criptorquídicos também têm risco aumentado de torção, uma emergência cirúrgica que pode levar a perda do testículo por falta de suprimento sanguíneo.
O grande desafio do cirurgião pediátrico é distinguir entre o testículo retrátil – normal, extremamente comum, no qual se indica acompanhamento apenas, sem cirurgia – do testículo verdadeiramente não-descido. Para atingir este objetivo, o exame físico detalhado, paciente e meticuloso, realizado por médico experiente, é mais que suficiente. Normalmente, não são necessários exames de imagem, visto que podem, muitas vezes, até confundir a investigação clínica.
Testículo fora da bolsa escrotal não é uma situação de urgência. Entretanto, nem por isso, deve-se protelar a avaliação desta condição. Bebês com poucos meses de vida já podem – e devem – ser encaminhados para avaliação com cirurgião pediátrico. Quando indicada, a correção cirúrgica é rápida, efetiva, feita em nível ambulatorial (com alta hospitalar no mesmo dia, poucas horas após o procedimento). Já a recuperação é rápida e, normalmente, muito tranquila.
*Dr. Marcus Azenha, cirurgião pediátrico do Grupo São Pietro Saúde
CRM-RS 34.973