De  acordo  com  a  Organização  Mundial  da  Saúde  (OMS),  aproximadamente  285 milhões  de  pessoas  manifestam  algum  problema de visão, e o glaucoma é a segunda causa de cegueira mundial. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 35 milhões de brasileiros apresentam algum distúrbio visual, e aproximadamente 150 mil pessoas são diagnosticadas com glaucoma todo ano. Nesse ponto, o diagnóstico precoce é essencial, visto que, 60% a 80% das doenças oculares podem ser evitadas ou tratadas.

O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível. Apesar de se ouvir muito falar sobre “pressão alta no olho”, poucas pessoas sabem que o glaucoma é uma doença crônica, silenciosa e assintomática. A hipertensão ocular se dá por excesso de produção ou pela deficiência de drenagem do líquido intraocular chamado humor aquoso. O aumento da pressão sobre as fibras nervosas oculares causa lesão no nervo óptico, diminuindo a visão. Essa perda visual acontece da periferia para o centro, é lenta e progressiva, e quando o paciente percebe geralmente já está no estágio avançado.

A doença pode ser classificada de acordo com a etiologia (primária ou secundária), aspecto anatômico (aberto ou fechado) ou a evolução clínica (aguda ou crônica). Existe ainda, o glaucoma congênito que é considerado a forma mais rara da doença, na maioria das vezes, hereditário e consiste no aumento da pressão intraocular em crianças e recém-nascidos, corresponde a 20% das causas de cegueira infantil.

Como já dizia o velho ditado “prevenir é melhor do que remediar”, consultas de rotina com um médico oftalmologista buscando prevenção e diagnóstico precoce, devem acontecer pelo menos uma vez ao ano, especialmente em pessoas com fatores e risco como história familiar, afrodescendentes, pessoas com idade acima de 40 anos e que apresentam quadro de miopia, diabetes e hipertensão arterial. É importante ter sempre em mente que quanto mais cedo for identificada a doença, menores serão os danos causados à visão.

A pressão intraocular elevada é o principal fator de risco para o glaucoma, e no tratamento da doença, é o único fator que pode ser modificado. Ela precisa ser mantida dentro do limite da normalidade para evitar a progressão da doença. O glaucoma pode ser controlado, com o uso correto e disciplinado de colírios antiglaucomatosos, “às vezes em monoterapia”, “às vezes em terapia combinada”, dependendo do estágio e gravidade da doença. 

É de suma importância as revisões periódicas para medir a pressão intraocular e avaliar a efetividade do tratamento em uso. A realização de exames como campimetria visual, paquimetria e tomografia de coerência óptica são fundamentais para o acompanhamento, afim de evitar a progressão da doença e a perda visual. Os procedimentos com laser ou cirúrgico são reservados  em casos especiais, em que a pressão intraocular não é controlada com o tratamento clínico.

Diante disso, é importante buscar sempre um médico oftalmologista para um exame oftalmológico completo, mesmo que a consulta seja por uma simples “troca de óculos”. Grande parte das doenças oftalmológicas são assintomáticas e podem ser detectadas em consultas de revisão. A avaliação da pressão intraocular associada ao mapeamento de retina é capaz de diagnosticar doenças como glaucoma, diabetes, hipertensão arterial sistêmica, doenças reumatológicas, infecções, entre outras.

Dra Tauana Castelani
Médica Oftalmologista 
Membro Titular do Conselho Brasileiro de Oftalmologia
CRM 38514 / RQE 31004